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Dança em Foco - Entrevista com Raphael Mesquita


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A dança é uma das mais belas formas de expressão artística que existe, capaz de transmitir emoções, contar histórias e encantar plateias em todo o mundo. E agora, em comemoração aos sete anos de existência da Companhia Par, damos início ao Dança em Foco, uma coluna que promete trazer entrevistas exclusivas com importantes nomes da dança nas mais diversas linguagens.


A coluna trará entrevistas com dançarinos, coreógrafos, diretores de companhias e outros profissionais que têm feito história no mundo da dança aqui no MS e também nacionalmente. Com perguntas inteligentes e insights profundos, o objetivo da coluna é oferecer aos leitores uma visão privilegiada do universo da dança, mostrando o que há de mais atual e relevante em termos de tendências, técnicas e projetos.


Entre os entrevistados confirmados para as primeiras edições da coluna estão grandes nomes da dança esportiva, dança de salão e outros estilos que têm cativado o público ao longo das décadas. Será uma oportunidade única de conhecer de perto as histórias de vida e as carreiras desses profissionais excepcionais, que dedicam suas vidas à arte da dança.


Mas não é apenas para os amantes da dança que a coluna será interessante. Afinal, a dança é uma forma de arte que transcende fronteiras culturais e tem um impacto poderoso em nossa sociedade. Através das entrevistas e histórias apresentadas na coluna, os leitores poderão ter uma compreensão mais profunda da importância da dança em nossas vidas e na cultura em geral.


Nosso entrevistado que estreia o Dança em Foco é ninguém menos que Raphael Mesquita, diretor artístico e fundador da Companhia Par. Raphael estudou violino e teoria musical no Conservatório Heitor Villa Lobos em São Paulo, iniciou carreira na dança em 2007, como corpo de baile de diversas duplas sertanejas e bandas, além de um programa de TV. Formou-se professor de dança de salão sob a tutela de Jaime Arôxa e estudou com alguns dos melhores bailarinos do país como Jimmy de Oliveira, Renata Peçanha, Philip Miha e mais. Diagnosticado dentro do espectro autista, nunca encarou isso como obstáculo aos seus objetivos.


Com mais de 15 anos de experiência, ele ensina uma variedade de estilos de dança, além de coreografar para eventos e ter vencido 3 carnavais. Durante nossa conversa, discutimos sua jornada na dança, os desafios que enfrentou ao longo do caminho e como ele ajuda seus alunos a alcançarem seus objetivos na pista de dança. Confira abaixo:


Como e quando você começou a dançar?

Comecei a dançar em novembro de 2007, pouco antes do meu aniversário de 16 anos. Meu avô havia falecido poucos meses antes, e eu decidi que seria o parceiro da minha avó para que ela pudesse começar a fazer aulas de danças. Desde então nunca mais parei.


Quais estilos de dança você ensina e qual o seu favorito?

Eu ensino Vanera, Chamamé, Forró, Bolero, Samba de Gafieira, Samba Funkeado, Tango, Zouk, Kizomba, Salsa, Valsa, Rock Soltinho, West Coast Swing e Sertanejo Universitário. Meus preferidos são com certeza o zouk, o bolero e o tango.


Quais são os maiores desafios que seus alunos enfrentam ao aprender a dança de salão? E como você os ajuda a superá-los?

As pessoas começam a dançar normalmente para resolver algum problema que não envolve a dança (timidez, ansiedade, emagrecer, fazer amigos, poder se destacar em festas, etc…). Com isso, um dos maiores desafios deles é perceber como a dança está os ajudando a resolver estas questões, e dar o tempo necessário para que as transformações aconteçam. Meu papel é entender cada uma das questões que as pessoas buscam nas minhas aulas e tentar direcionar momentos para abranger a maior parte deles possível, de forma que nem sempre eles percebam, mas evoluam diariamente.


Como você adapta suas aulas para diferentes níveis de habilidades e experiências?

A habilidade ou técnica de um aluno como indivíduo não interfere no planejamento de uma aula, pois um bom planejamento já prevê algumas diferenças de níveis e de velocidade de absorção de conteúdo. Logo, quando uma parte já entendeu/sabe a matéria dada, eu coloco um desafio a ser alcançado, enquanto continuo a explicação àqueles que ainda precisam de um pouco mais para compreender.


Como você criou a companhia de dança?

Eu não a criei. Ela nasceu por vontade própria. No início era apenas um grupo de amigos que se reunia para treinar. Com o tempo foi-se percebendo a necessidade de um olhar mais profissional para aquelas reuniões, e aumentou consideravelmente a vontade de aprender e se tornar um profissional da área. Foi só então que decidi formalizar juridicamente a companhia de dança.


Qual é a sua filosofia em relação à coreografia e ao processo criativo?

Cada coreografia serve a um propósito e é criada para um objetivo. Um bom processo criativo envolve todos os participantes na construção do objeto final, mas o melhor processo criativo entende que uma coreografia nunca está pronta, pois os dias passam, as pessoas mudam, as situações são modificadas e todo e qualquer trabalho deve ser sempre repaginado.


Qual a importância da conexão entre os parceiros na dança de salão?

A dança de salão vem sendo modificada, conforme nossa sociedade passa por evoluções. Atualmente não se tem mais um condutor ditador e um conduzido passivo. O que se tem é um diálogo, uma conversa onde ambos devem aprender a sentir e a transmitir. A criação desta conversa e o bom entendimento deste diálogo são imprescindíveis para que se tenha uma boa dança a dois, ou então tudo que se terá é confusão.


Como você se mantém atualizado sobre as tendências e evoluções na dança de salão?

Mantendo contato com meus professores, reciclando conhecimento, acompanhando os melhores campeonatos nacionais e viajando para ver realidades para além das que vivo.


Como a companhia de dança se envolve com a comunidade?

Com aulas gratuitas, apresentações gratuitas, formação de profissionais também sem custo, nós entendemos e vivemos pela crença que a arte faz a realidade suportável, e apenas a arte tem o poder crítico/transformador de um cenário social de forma pacífica.


Quais são suas expectativas para o futuro da dança como uma forma de arte?

Com o aumento das redes sociais e o interesse cada vez maior de jovens e crianças, creio que estamos acompanhando o nascimento de uma geração que vai retomar o gosto por dançar (que havia diminuído consideravelmente nos últimos 40 anos) mas será uma ligação entre a pessoa e a arte com muita presença da tecnologia. Em breve inteligências artificiais farão parte de salas de aulas e acompanharão o progresso e evolução do aluno, bem como o metaverso será um lugar onde tudo que conhecemos de arte será transformado.


Quais são os seus planos para o futuro em relação à sua carreira e à companhia?

Trabalhar cada vez mais, começar a fazer circulações nacionais e internacionais tanto para apresentações quanto para fazer cursos, conseguir pessoas que ajudem estes artistas e acreditem também em nosso trabalho e poder fazer as pessoas que passarem pela companhia terem o mesmo olhar de carinho pela arte e que entendam a importância da dança e da música na vida de uma pessoa e como a arte influencia a sociedade e o cenário social no qual ela está inserida.


Para finalizar, qual o seu conselho para alguém que está começando a aprender a dança de salão?

Aqui poderia gastar algumas páginas sobre esta pergunta, mas acho que realmente o melhor conselho que eu poderia dar é: se olhe no espelho e se pergunte se você deseja dançar como um artista ou como um atleta, e trace seu caminho a partir desta resposta sem nunca deixar de se divertir dançando.


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